5 de jun. de 2009

Filme: Angst vor der Angst (Fear of Fear, Medo do Medo), dir. R. W. Fassbinder, 1975

Há dois modos básicos de existir: como existência pura ou o que denomino vivência silenciosa e a existência para os outros. A maior parte de nossos medos, culpas, vergonhas e ódios advêm de nossa relação com os outros e do julgamento de nossos atos (por nós próprios muitas vezes) em relação aos outros. P0r exemplo, coço minha bunda, se estou diante de uma pessoa, sinto vergonha por ter executado ato tão vulgar, se estou sozinho, apenas vivo o ato em si e não o julgo. Minha vergonha não é uma vergonha em si, é de fato uma vergonha-diante-de-alguém.
Ora, depois da infância, a vida em sociedade é um perpétuo julgamento, pois o que somos somos aos olhos dos outros. Por isso a conclusão do personagem de Sartre, Garcin, na peça Entre Quatro Paredes (Huis Clos): "então, isto é que é o inferno? Nunca imaginei... Não se lembram? O enxofre, a fogueira, a grelha... Que brincadeira! Nada de grelha. O inferno são os outros", ou seja, em sociedade transitamos sempre entre o papel de réus e o papel de juízes.

Inseridos nessa caixa infernal, já que nossa imagem pertence à lingua dos outros, adquirimos nossas ferramentas de acomodação psíquica, pequenos prazeres, pseudoamores, distrações, artes, esportes, obsessões, narcóticos, adrenalina, endorfina etc. Mas numa época em que os laços se tornaram mais complexos e a neuroquímica não havia avançado até o Prozac, a década de 70 ficou marcada pelo famigerado coquetel de Valium e álcool e Fassbinder, homossexual assumido dentro de uma sociedade cujos parâmetros morais foram criados por um doente mental chamado Lutero, narrou com maestria todo o sofrimento dos mais sensíveis. Isso até seu próprio suicídio por superdose aos 36 anos de idade. O filme em questão é um exemplo formidável de como artistas de verdade são antes grandes intelectuais, ele descobriu uma leitura do seu tempo e, apesar da morte prematura, foi um dos mais prolíficos diretores de cinema.

Cena, suspeita de loucura, um dos sintomas é a perda da identidade, perda da noção de espaço e tempo (tem que dar um desconto pra trilha sonora, detesto esses barulhinhos de violino, flautinha, chocalho... sonzinho de susto, de tensão etc., é uma porcaria, mas ainda bem que não chega a estragar o filme):




8 comentários:

  1. Luciano, links quebrados aqui, velho.

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  2. Xii... pior é que não estou mais achando o filme, vou procurar e tentar subi-lo novamente amanhã. Valeu!

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  3. Pronto, links atualizados. Abço.

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  4. ola.. nao consigo baixar a legenda...
    obrigada

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  5. Oi, Gabi, coloquei a legenda no megaupload, o divshare fechou as portas. Qualquer coisa é só postar. Abraço.

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  6. dá para reupar o filme e a legenda de novo. Valeu.

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  7. Olá Marcelo, agora vai demorar, estou com uma internet mais lenta e também vou esperar pra saber qual provedor vai continuar ativo. Valeu.

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