"‘Round Midnight’ é um filme de amor ao jazz, uma carinhosa homenagem que o francês Bertrand Tavernier fez, em 1986, aos grandes instrumentistas que, nos anos 40 e 60 se auto-exilaram na França. Todos aqueles que mudaram a cara da música no século passado, aqueles que eram muito mais respeitados na Europa do que na terra natal, lá eram considerados divindades, na América, apenas negros talentosos, que tocavam música estranha e se entupiam de drogas. ‘Round Midnight’ é, com toda razão, considerado o mais belo filme já feito sobre jazz. O filme foi dedicado e inspirado em duas grandes lendas do jazz: o pianista Bud Powell e o saxofonista Lester Young. Para construir o enredo, Tavernier convidou músicos de fato para desempenharem os papéis. Trailer:
O filme fala de uma salvação, ou uma tentativa. Um francês de nome François Cluzet tenta salvar seu herói, o saxofonista Dale Turner, da vida ordinária que leva durante uma temporada do músico em Paris, no ano de 1959. Dale Turner é vivido pelo extraordinário músico Dexter Gordon. Gordon impressionou já que nunca tinha trabalhado como ator profissionalmente e se saiu tão bem que foi indicado para o Oscar de melhor ator. Contou, também, com o surpreendente desempenho artístico do famoso pianista Herbie Hancock, além da grande surpresa do filme: revelar o talento de François Cluzet no papel coadjuvante, que em muitos momentos, rouba as cenas do filme, pois consegue brilhantemente encarnar o papel do ardoroso fã.
A música levou, com toda justiça, o Oscar de melhor trilha-sonora. E toda essa beleza, que focaliza o jazz daquela época, ficou nas mãos de um verdadeiro conhecedor do jazz e um de seus melhores músicos: o pianista Herbie Hancock que chamou o creme do jazz, uma seleção de tirar o fôlego. Herbie Hancock fez mais do que apenas organizar a gravação, selecionar os músicos, as canções e ensaiar todos. O resultado é uma música hipnótica, fluida, lenta e perfeita. O disco abre com uma versão de "Round Midnight", em que o trio Herbie Hancock, Tony Williams e Ron Carter é coadjuvante de um solo de trumpete feito por Bobby McFerrin com as cordas vocais. O disco ainda contém momentos preciosos como Chet Baker cantando com sua voz combalida pela vida e pelas drogas."
Outro bom filme de Fatih Akin, apesar da ênfase excessiva no acaso, ponto em que discordo. Contudo é um filme bem tramado, com boas atuações e boas tomadas de Istambul.
Diretor: Fatih Akin
Fotografia: Rainer Klausmann
Tempo: 122 min
Gênero: Drama
País: Alemanha, Turquia
Sinopse:
"O filme se divide em dois capítulos. No primeiro, em Bremen, na Alemanha, Nejat Aksu (Baki Davrak), um descendente de turcos, leciona alemão em uma faculdade local. E um caixão é desembarcado de um avião em Istambul. No segundo capítulo, Nejat retorna para a Turquia onde vira dono de uma livraria especializada em livros escritos em alemão. E um caixão agora é carregado em um avião em Istambul". Do sítio Omelete Trailer:
"Não nos deve surpreender que, a maior parte das vezes, os imbecis triunfem mais no mundo do que os grandes talentos. Enquanto estes têm por vezes de lutar contra si próprios e, como se isso não bastasse, contra todos os medíocres que detestam toda e qualquer forma de superioridade, o imbecil, onde quer que vá, encontra-se entre os seus pares, entre companheiros e irmãos e é, por espírito de corpo instintivo, ajudado e protegido. O estúpido só profere pensamentos vulgares de forma comum, pelo que é imediatamente entendido e aprovado por todos, ao passo que o génio tem o vício terrível de se contrapor às opiniões dominantes e querer subverter, juntamente com o pensamento, a vida da maioria dos outros. Isto explica por que as obras escritas e realizadas pelos imbecis são tão abundante e solicitamente louvadas - os juízes são, quase na totalidade, do mesmo nível e dos mesmos gostos, pelo que aprovam com entusiasmo as ideias e paixões medíocres, expressas por alguém um pouco menos medíocre do que eles. Este favor quase universal que acolhe os frutos da imbecilidade instruída e temerária aumenta a sua já copiosa felicidade. A obra do grande, ao invés, só pode ser entendida e admirada pelos seus pares, que são, em todas as gerações, muito poucos, e apenas com o tempo esses poucos conseguem impô-la à apreciação idiota e ovina da maioria. A maior vitória dos néscios consiste em obrigar, com certa frequência, os sábios a actuar e falar deles, quer para levar uma vida mais calma, quer para a salvar nos dias da epidemia aguda da loucura universal."
Outro bom filme sobre conflito de costumes entre Oriente e Ocidente, desta vez entre os turcos da Alemanha. É uma ficção, impulsionada por ótimos atores, onde tudo funciona bem, até as cenas de violência não são estilizadas nem redundantes. Ótima música e boa trama, que confirma a fama de bom diretor de Fatih Akin.
Sinopse:
"Sibel (Sibel Kekilli) é uma bela moça muçulmana de 20 anos de idade. Em uma clínica de recuperação, após uma tentativa de suicídio, ela conhece Cahit (Birol Ünel), um rapaz turco que também havia tentado o suicídio. Os jovens decidem se casar formalmente, apenas como um meio de permitir que Sibel escape das regras estritas de sua família conservadora. Embora ela tenha uma vida sexual independente, eles resolvem dividir um apartamento. Cahit aceita a situação no início, mas se apaixona e, num acesso de ciúmes, mata um dos amantes da companheira. Depois de cumprir pena, Cahit reencontra Sibel, ainda acreditando que eles podem ter um futuro em comum".
Draminha romântico cujo pano de fundo é o conflito entre a tradição familiar paquistanesa e o modo de vida britânico. Pra quem gosta do estilo, vale a pena ver caras novas na tela, a atriz britânica lembra muito nossa Carla Camuratti. Mesmo sendo dirigido por Ken Loach, pessoalmente não tenho muita paciência com esse tipo de filme, geralmente durmo um pouco no meio rsrs.
Gênero: Drama Tempo de Duração: 107 Minutos Países de Origem: Inglaterra / Bélgica / Itália / Espanha / Alemanha Idioma do Áudio: Inglês Direção: Ken Loach Roteiro: Paul Laverty
Sinopse: "Casim (Atta Yaqub) é filho de Tariq (Ahmad Riaz) e Sadia (Shamshad Akhtar), imigrantes paquistaneses que se instalaram em Glasgow, na Escócia. Eles preparam um casamento arranjado para Casim com sua prima Jasmine (Sunna Mirza), seguindo a tradição muçulmana. Jasmine está prestes a chegar à Escócia. Casim, que é DJ, sonha em montar sua própria casa de festas e tem sua vida mudada completamente quando conhece Roisin (Eva Birthistle), professora de música numa escola católica. Os dois se apaixonam e decidem ficar juntos. No entanto eles terão que enfrentar a incompreensão tanto de católicos quanto de muçulmanos para fazer valer o seu amor".
Nota no IMDb: 7,3 Ganhou o César de Melhor Filme Europeu. Recebeu uma indicação ao European Film Awards de Melhor Roteiro. Ganhou o Prêmio Ecumênico do Júri, no Festival de Berlim. Ganhou o Prêmio do Público, no Festival de Valladolid.
Elenco: Atta Yaqub (Casim Khan), Eva Birthistle (Roisin Hanlon), Shamshad Akhtar (Sadia Khan), Ghizala Avan (Rukhsana Khan), Shabana Akhtar Bakhsh (Tahara Khan), Ahmad Riaz (Tariq Khan), Shy Ramsan (Hammid), Gerard Kelly (Padre), Gary Lewis (Danny), Emma Friel (Annie), Sunna Mirza (Jasmine) Trailer:
Baseado na obra de Sade, é o filme mais provocante já realizado, ataque franco ao propósito de todo círculo de poder total. Libertinagem pobre e bestial. O filme é de 1975, mas tão atual que lembra a vida dos Berlusconis, Sarkozys, Collors, Figueiredos, ACMs, Aécios etc. Só quem teve uma vida infernal como a de Pasolini, cuja genialidade foi rejeitada tanto pela esquerda, quanto pela direita, tem o direito a um filme tão nauseante, qualquer outro que o fizesse vestiria inexoravelmente a carapuça do mau gosto. Mais informação com Rubens E. Filho.
Título original: Saló le 120 Giornate di Sodoma Diretor: Píer Paolo Pasolini Elenco: Paolo Bonacelli, Caterina Borato, Giorgio Cataldi, Aldo Valetti, Elsa De Giori, Hèlene Surgére, Sonia Saviange Gênero: Drama Duração: 117 min Ano: 1975 País: Itália SINOPSE "Na província italiana de Saló no norte de Itália que estava controlada pelos nazis em 1941, quatro altos dignatários reúnem dezesseis exemplares perfeitos de jovens e levam-nos para um palácio perto de Marzabotto juntamente com guardas, criados e garanhões. Além deles, há quatro mulheres de meia-idade: três delas contam histórias provocantes enquanto a quarta os acompanha ao piano. A história passa-se enquanto relatam as histórias de Dante e de De Sade: o Círculo das Manias, o Círculo da Merda e o Círculo do Sangue. Depois disso, os jovens são executados enquanto cada libertino toma o seu lugar como voyer."
Interpretação - Paolo Bonacelli, Giorgio Cataldi, Umberto Paolo Quintavalle, Aldo Valletti, Caterina Boratto, Hélène Surgère Realização - Pier Paolo Pasolini Argumento - Sergio Citti, Pier Paolo Pasolini
Autotutela: defesa da justiça com as próprias mãos, condenado no ordenamento jurídico brasileiro como atentado contra os princípios basilares do Estado de Direito, não se confunde com a legítima defesa, já que esta é uma excludente de antijuridicidade.
Bom filme baseado na noção de honra medieval, richa de sangue e vendeta. As imagens são violentas e poéticas sem perder o fio da narrativa, as atuações são boas, mas não preponderantes, já que o cenário árido participa mais do enredo do que propriamente os diálogos.
SINOPSE: "Abril 1910 - Na geografia desértica do sertão brasileiro, uma camisa manchada de sangue balança com o vento. Tonho (Rodrigo Santoro), filho do meio da família Breves, é impelido pelo pai (José Dumont) a vingar a morte do seu irmão mais velho, vítima d euma luta ancestral entre familias pela posse de terra. Se cumprir sua missão, Tonho sabe que sua vida ficará partida em dois: os 20 anos que ele viveu, e o pouco tempo que lhe restará para viver. Ele será então perseguido por um membro da família rival, como dita o código da vingança da região. Angustiado pela perspectiva da mortee instigado pelo seu irmão menor, Pacu (Ravi Ramos Lacerda), Tonho começa a questionar a lógica da violência e da tradição. É quando dois artistas de um pequeno circo itinerante cruzam o seu caminho..."
"Abril Despedaçado é livremente inspirado no livro homônimo do escritor albanêsIsmail Kadaré. A adaptação para o cinema foi realizada por Walter Salles, Sérgio Machado e Karim Aïnouz, e as filmagens aconteceram entre agosto e setembro de 2000 nas cidades de Bom Sossego, Caetité e Rio de Contas, interior da Bahia".
Primeiramente sou contra baixar filmes brasileiros, prefiro assisti-los no cinema, geralmente na primeira semana de estreia, as razões são óbvias. Como nem sempre isso é possível, coloco pra download pra quem não tem acesso. Este filme pactua com o bom senso cultural: arte brasileira para os brasileiros e por isso mesmo universal (desconheço a fonte do termo, mas deve ser nessa direção que criaram o termo glocalismo). Não é um filme de reflexão, mas é uma boa radiografia da nossa gente. As atuações são muito boas. Recomendo sim.
Sinopse: "Raimundo Nonato (João Miguel) foi para a cidade grande na esperança de ter uma vida melhor. Contratado como faxineiro em um bar, logo ele descobre que possui um talento nato para a cozinha. Com suas coxinhas Raimundo transforma o bar num sucesso. Giovanni (Carlo Briani), o dono de um conhecido restaurante italiano da região, o contrata como assistente de cozinheiro. A cozinha italiana é uma grande descoberta para Raimundo, que passa também a ter uma casa, roupas melhores, relacionamentos sociais e um amor: a prostituta Iria (Fabiula Nascimento)".
Título Original: Estômago Gênero: Drama Tempo de Duração: 112 minutos Ano de Lançamento (Brasil / Itália): 2007 Estúdio: Zencrane Filmes / Indiana Filmes Distribuição: Downtown Filmes Direção: Marcos Jorge Roteiro: Lusa Silvestre, Marcos Jorge, Cláudia da Natividade e Fabrizio Donvito, baseado em argumento de Lusa Silvestre e Marcos Jorge
Filme baseado na vida do preso mais famoso do sistema carcerário da Inglaterra, um psicopata que queria ser tão famoso quanto Charles Bronson. Tentativa de inovação estética com influência do clássico Laranja Mecânica para fugir dos clichês, mas acho que não deu muito certo não. Alguns gostaram...
Não consegui legenda em português, se alguém conseguir é só me dar um toque pra colocar aqui.
"Alemanha, década de 70. O país é assolado por uma onda de atentados à bomba reivindicados por um grupo terrorista chamado Facção do Exército Vermelho, que move uma luta mortal contra o que eles dizem ser os novos inimigos da Alemanha: o capitalismo americano que se apoia na estrutura de poder alemã que tem um passado próximo de envolvimento com o nazismo. Em teoria, o objectivo do grupo liderado por Andreas Baader e Ulrike Meinhof é a criação de uma sociedade mais justa e humana, porém estes filhos da 2ª Guerra Mundial usam os meios mais aberrantes para o conseguir, perdendo pelo caminho a sua própria humanidade. O grupo é perseguido tenazmente pelo chefe de polícia Horst Herold, que compreende bem as premisas do grupo, e que suspeita que as suas acções são apenas um sintoma de algo de bem mais perturbador. Ulli Edel traz-nos aqui uma bem conseguida dramatização da história de um dos mais notórios grupos terroristas da Europa do pós-guerra, dando-nos uma narrativa equilibrada e dinâmica que nos sugere interrogações pertinentes sobre a génese e impacte destas organizações".
Querem saber como empregar as técnicas do teatro para enriquecer um filme, sem o artificialismo forçado de Dogville e outros tantos? Assistam 12, filme russo baseado no original estadunidense _ 12 homens e uma sentença, de 1957. Herdeiros de Tchekov, os russos manipulam o diálogo como ninguém e os atores são brilhantes. Como não há uma guerra de agentes nos bastidores pra forçar o tempo de permanência do seu cliente na tela, cedem a cena com altruísmo e dividem os louros em prol do resultado final. É um filme intenso no qual praticamente todos os temas humanos são abordados: solidariedade, crime, castigo, culpa, paixão, razão, preconceito, bairrismo, injustiça e perdão. Um dos melhores que assisti este ano.
Sinopse: "Um único jurado difere da opinião dos demais onze jurados. Ele, então, terá a difícil missão de defender e convencer os demais companheiros que o réu é inocente. Adaptação do clássico 12 Homens e Uma Sentença".